Pois é! O Senado aprovou um projeto que prevê gorjeta de 20% nos bares e restaurantes na madrugada. What the fuck?! Como assim, Bial?! Cadê a câmera?! Isso SÓ pode ser uma pegadinha do Mallandro, rá! Piadinha de mal gosto.
As pessoas que me conhecem bem sabem que um dos profissionais que eu mais valorizo é o garçon. O cara vai lá, te trata bem, faz aquela piadinha marota, limpa a bagunça que você faz na mesa, traz tudo que você pede o mais rápido que pode, serve doses com caprichadas, traz a saideira fora da conta, sente sua falta quando você some e ouve você chorar as pitangas e falar merda quando o nível de sangue no seu álcool fica baixo.
Estou falando dos bons garçons, claro. Esses eu admiro, respeito e dou moral mesmo. O cara deixa de passar horas preciosas com a família dele, troca o dia pela noite, aprende a fazer malabarismos com a bandeja, tem sempre o isqueiro amigo e a caneta amiga pra te emprestar, joga pelada segunda feira a noite porque não tem outro horário e faz mais um monte de coisas só porque escolheu ser garçon.
Mas aí o senador Marcelo Crivella vir dizer que teve essa ideia cretina porque quer preservar os caras, uma vez que 'eles estão mais sujeitos à riscos de violência, sofrem com as dificuldades de transporte e estão submetidos a um grau de penosidade maior' é demais pra minha cabeça. Ô sô senador, primeiro de tudo: não fode, porra!
Na boa, por que ao invés de propor que a galera pague 1/5 do que consome a mais nos lugares esse filho da puta não pensa em investir em segurança e transporte público pros garçons que trabalham felizões voltarem pra casa tranquilos depois de um dia árduo de labuta?! Mas não! Isso não! É melhor seguir os passos do seu titio Edir Macedo e ir direto no alvo: o bolso do povo.
Bom, o PROCON já se manifestou à respeito desse projeto e frisou que gorjeta e acréscimo por serviços cobra quem quer e, principalmente, paga quem quer. É chato, quem sabe até constrangedor negar a gorjeta pro garçon camarada que te atendeu bem a noite toda? É. Mas sinto muito, velho. Cliente tem que pagar pelo consumo e não pelo serviço. Zefiní, passa a régua.
No mais, é o trabalho dele, ele é pago pra isso, eu sou estagiária, ando pobrinha e ponto final. Ou o Crivella cria um projeto de toque de recolher pros quebrados da mesa pra fazer uma venda casada com esse dos 20%, ou eu vou continuar apenas dizendo 'Boa noite, querido! Até semana que vem! Valeu! Cadê o carro, Ayala?' por muito tempo.
Olha que linda a Jejé Morais, analista de finanças sênior minha e da Ayala.
