quarta-feira, 4 de março de 2009

Globalization Tabajara

" Os carioca' são bombado', os paulista' têm dinheiro! Mas quem fode é os mineiro'! "
- Não fazem mais marchinhas de carnaval como antigamente.

- Mineiro anda fudendo tanto que não dá tempo de ir pra aula de português! =]

Eis que o carnaval chegou, passou e deixou só saudade. Eu, que estava naquele desânimo todo, confesso que os 5 dias ficaram pequenos pra tanta besteira, bubiça e bestagem juntas. As histórias foram muitas, acho que precisarei de vários capítulos para contar todas. Tem os incríveis casos ''Eu nunca vi uma coisa dessas no carnaval'', ''Os vários apelidos de Juju'', ''O torra do papai'', ''Palestrando sobre o amor'', ''Dormir é para os fracos'', ''Você sabe o hino do...?'', ''Miojo, eu te amo! Não vou negar!'', mas eu vou começar por ''Oi, de onde você é?''.

O carnaval, pra mim, é um fenômeno. Acho muito bacana esse negócio de pessoas de lugares distantes, com culturas diferentes, modos de vida incompatíveis, propósitos opostos e, claro, times de futebol rivais se unirem em um mesmo lugar e serem felizes! Ano passado eu também fui pra Diamantina. Apesar de não prestar muita atenção nas coisas ao meu redor, lembro de ter visto mais gringos em 2008.

Esse ano eu vi duas moças de Taiwan, um braquelo de bochecha rosa que pegava uma delas que eu não sei de que buraco saiu e uns argentinos. Ah, Juliana! Só porque a moça tinha os olhos puxadinhos você diz que ela era de Taiwan? Não, anta felpuda. Eu perguntei. Aliás, blog da Ju também é cultura. Você sabe como diferenciar um chinês de um japonês? Porra nenhuma de olho puxado pra cima e pra baixo. Olhe os dentes e saiba, coleguinha! Dentes bonitos e saudáveis os japas têm. Chinês não tem o hábito de ir ao dentista, muito menos dinheiro pra tal. Sacô? Fechem a Barsa, vamos voltar pro assunto.

Eu sou uma pessoa extremamente apaixonada por sotaques. Não tem nada que ganha meu coração mais fácil do que falar diferente de mim. Sempre tive contato com pessoas de fora de Minas, e acho que por isso eu tomei gosto pela coisa. Conheço muita gente do Pará, algumas pessoas do Rio, muitas outras da Bahia, tive um aluno do Piauí, a família do meu pai é do interior de São Paulo e na capital paulista eu também conheço várias pessoas. Semana passada eu ampliei o leque.

No carnaval temos a Torre de Babel melhorada. A língua é a mesma, mas o jeitinho de cada um falar é uma coisa de doido. É lindo! ''Oi, de onde você é?'' é apenas o modelo. Cada um diz de um jeito. ''E aí, de onde tu éa?'' ou ''Ceiis são daqui?'' geralmente vem do Rio. ''Vocês são de ôônde?'', pode saber que vem de um paulista. ''De onde vôôcêês são?'' é geralmente da galera do nordeste. Nós, mineiros, dizemos ''Diondcêssão?'', sem nem uma pausinha mínima pra respirar. É lindo uma conversa assim. Uma das pessoas mais bacanas que eu conheci se chama Rodolfo e é de Alagoas. Quando minha amiga Lili perguntou a ele qual o nome dado pra quem nasce em Maceió, ele respondeu imediatamente: ''Abençoado!''

Era exatamente nesse ponto que eu queria chegar: o orgulho. O grande lance do sotaque é a identidade. O sotaque é uma bandeira, uma camisa que se veste, uma certidão viva. É música para os meus ouvidos ouvir um carioca dizendo que torce pro Flameeeaango ou para o Vaiiixxco. Ah, tem aqueles que respondem ''sou Botafogo, porra!'' e o charme é o mesmo. Os paulistas são os meus preferidos. Eles se dividem em subgrupos: os que puxam o R ou os que têm aquele som nasal lindo. Os do segundo grupo me agradam mais ainda, parece que existe um acento circunflexo em cada vogal da palavra, parece que passam o ano gripados.

Pernambucanos, piauenses, alagoanos e paraenses são cariocas misturados com baianos. A fala é mansa, mas tem mais cadência, é mais agil. O pessoal do Espírito Santo anda de sunga na rua, ouve funk, conversa chiado que nem carioca, mas o jeito de conversar tá muito mais pro mineiro. Os mineiros dispensam comentários. Tem uns que puxam o R, outros que falam cantando, a maioria emenda uma palavra na outra e todos esquecem do D no gerúndio e do O no final das palavras masculinas. Aí fica todu mundu cantanu, dançanu, fazenu, bebenu, comenu, rinu e se divertinu.

É por isso que eu passei 5 dias cantando:

"Os Estados brasileiros se apresentam
Nesta festa de alegria e esplendor!"

Jovens misses seus Estados representam
Seus costumes, seus encantos, seu valor.
Em desfile nossa terra, nossa gente
Pela glória do auriverde em céu de anil!
Sempre unidos Leste, Oeste, Norte, Sul
Na beleza das mulheres do Brasil!

Bleh! Não gosto de mulher! Podem trocar ''misses'' e ''mulheres'' por ''crocâncias'' e ''princesos''!

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