quarta-feira, 3 de dezembro de 2008

Celular é coisa do capeta

Outro dia me aconteceu uma coisa que seria trágica se não fosse cômica. Meu celular caiu na privada. ''Como assim?'' Caindo uai. Foi assim: estava eu na comemoração dos meus 20 anos/2 décadas/5 copas do mundo/2.0 total flex regada a muita cerveja. Eu tava bebendo mais que um Dodge V8. Mas fazer xixi que é bom, nada. Aliás, fazer xixi não é bom coisa nenhuma. É um saco.


Imagina: você tá lá com sua bunda quentinha dentro da calça quando de repente você se sente como um balão cheio d'água prestes a explodir. Aí você vai e entra no banheiro que, quando você está muito apertado, é sempre minúsculo, imundo e sem trinco na porta e faz aquela performance digna de Cirque de Soleil. Se equilibra em cima do salto, flexiona as pernas a uns 100°, porque 90 não rola, sentar é simplesmente impensável e ainda por cima tem que fazer isso tudo com os braços esticados escorando a porta pra próxima apressada/apertada da fila não te pegar literalmente de calças na mão. Como se já não bastasse esse suplício todo, retomando a parte da bunda quentinha, vem aquele ventinho sudoeste e acaba com sua graça.


Então, voltando ao acidente do meu aniversário, aconteceu que depois de várias cervejas eu precisava formatar meu hd pra caber mais beer inside, né. Mal tinha eu começado a proeza de abrir a calça sem encostar em nada do banheiro e o exercício de flexão das pernas, ouvi um certo ''pluft'' na água. Quando olhei estava ele, my precious, submerso nas águas profundas da privada. Tirei o bichinho de lá, lavei na pia, afinal foda-se, fudido por um fudido por mil, e sequei . Até perdi a vontade de fazer xixi. Voltei pra mesa toda cabisbaixa, sacudindo o coitado e disse: ''Que merda! Meu celular caiu na privada...'' Sempre tem um demente pra fazer a pergunta cretina: ''Uai, e você pegou?'' Depois de pensar por 2 segundos eu respondi gentilmente: ''Peguei não, tá lá. Isso aqui é um símbolo holográfico.''


A questão é que a vida sem celular nem é de tudo ruim. Consegui viver de forma satisfatória todos esses dias. Foram 10. Nem a dependência do despertador me fez ter saudade da coisinha. Ninguém me achou, é verdade. Mas eu falei com todo mundo que eu quis. Não acordei atrasada. Até saí sem levar bolsa algumas vezes. Bacana demais. No fim das contas acabei comprando um novo, porque apesar da sensação de liberdade (imagino que correr sem cueca deva ser como não ter celular), não dá pra ficar sem. Como uma coisa tão pequena consegue fazer a gente se ocupar tanto dela? Eu respondo essa pergunta fácil no alto do meu 1,56m de altura. =]


Ter um celular, ok. Mas não me venha com essa história de conversão de mídias. Internet, câmera, ferramentas de texto e o capeta digital são praticamente o cinto de inutilidades compacto e funcionando a base de bateria. Graham Bell inventou o telefone pra você usar a linda voz que Deus te deu pra falar com o coleguinha, do outro lado da linha, que tem a magnífica habilidade de ouvir. É difícil isso?


Para tirar foto, use a fabulosa câmera digital com mil ponto zero maga ultra power pixels que você comprou pela internet no site da Polishop; para acessar a internet, ler seus emails e olhar seu orkut, use aquele revolucionário notebook slim de 500 gramas recém lançado em edição limitada no Japão que você comprou no Duty Free do aeroporto; para ver as horas existe uma fantástica invenção chamada relógio de pulso, que além de deixar uma pessoa bem elegante, serve também para situá-la no tempo. E para ouvir música? Já experimentou um negócio chamado Ipod? Mas serve também rádio de carro, media player de computador, ou até aquela vitrolinha relíquia da sua família que pertenceu ao seu avô. Contas você aprendeu a fazer na 2° série do ensino fundamental, não precisa usar a calculadora pra dividir uma conta de R$60 para 4 pessoas. Celular foi feito pra ligar. Assim ó: você disca o número do telefone da pessoa que você quer falar, espera ela atender e aí você conversa! Olha que extraordinário! Aposto que você tinha até esquecido como fazia isso. Se alguém te ligar, o processo é ainda mais fácil: basta abrir ou apertar o verdinho, dependendo do modelo, e dizer 'alô'. Uau!


Ok, confesso que uso o celular para várias coisas que supostamente ele não deveria fazer. Mas uso com a consciência de que aquilo não era a proposta. O celular não deveria me acordar, nem fazer as contas que meu cérebro burro não consegue, nem me lembrar dos meus compromissos, nem tocar músicas enquanto estou no ônibus. Mas já que ele insiste nisso, tudo bem. Eu aceito.


Mas tudo tem limite. Ultimamente as pessoas têm usado o bluetooth do celular para paquerar. Isso eu não aguento, sinceramente. O legal agora é sentar num bar pra tomar uma com os amigos e aí cada um pega seu celular, faz o aquecimento competindo pra ver quem tem o celular mais poderoso e com mais atributos inúteis e depois partem para a batalha: encontrar o bluetooth do alvo de interesse. Aí não vale conversar com o pessoal da mesa, silêncio mortal. Pelo amor de Deus, né? Isso pra mim é assinar na última linha de um atestado de incompetência irreversível para relações e contato interpessoal a curta distância.


E quando se comete o cúmulo da falta de assunto e se começa uma conversa sobre celular? Péssimo. Cara, mulher nenhuma quer saber quantos jogos você baixou ontem nem quantos videos cabem no seu cartão de memória. Mesmo porque, depois de você falar dos videos você vai fazer o infeliz comentário ''mas esses videos eu não posso te mostrar, gatinha'', por todos eles serem pornôs nojentos. E você, mulher, não pense que algum homem se interessa pelo seu albúm de fotos com seu cachorrinho fofinho que você exibe orgulhosa por aí no seu super celular rosa ridículo com capinha da Hello Kitty que é pra não arranhar.


No fim das contas, não importa qual o modelo de celular você tenha. O preço dele será sempre inversamente proporcional ao valor da sua conta ou quantidade de créditos que você tem disponível pra ligações. É uma escolha dura, geralmente as pessoas seguem o raciocínio de que tirar fotos é grátis, então quem precisa de créditos? E claro, o ladrão sempre vai gostar mais dele do que você. E se você não entendeu meu ponto de vista ainda, pode deixar que Allan Sieber desenha para você!

3 comentários:

  1. Vc usa celular pra qual outra finalidade? hahahaha sacanagem....

    Meu celular caiu na privada uma vez.. na verdade.. eu joguei o celular na privada e guardei o papel higiênico no bolso.. e é verdade...

    Coloquei um secador de cabelos pra secar na hora.. funcionou.. já não se fazem mais celulares como antigamente...

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  2. juju baby baby!!!!
    sempre amei ler tudo que vc escreve, desde os nossos pré históricos tempos de acm onde seus e-mails eram a razão da minha alegria no meio daqueles e-mails hipócritas e repetitivos...
    mas para minha felicidade, vou poder futucar seus textos aqui agora!
    bjos da sua fã!
    iara rangel

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  3. Ah loirinha! Se eu tivesse lido esse texto sem saber o nome da autora e me pedissem para adivinhar, eu acertaria! Combina muito com vc! Eu estava lendo e me deu uma sensação de como se vc estivesse lendo pra mim! Hehe Muito bom mesmo!
    Bjão!

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