sábado, 13 de dezembro de 2008

E o Kiko?

Sou obrigada a concordar com o fantástico Millôr Fernandes quando o cara diz que ''quando todo mundo quer saber é porque ninguém tem nada com isso.''


Essa semana li uma série de coisas que me fizeram pensar mais uma vez no papel ridículo a que certos jornalistas se prestam. Quando entrei na faculdade rolaram algumas dinâmicas manés do estilo ''fale sobre vc: por que escolheu este curso?'' Apareceram várias respostas. ''Sou muito curioso (a)'', ''gosto muito de escrever'', ''adoro ler a coluna da Lya Luft na Veja'', ''me interesso por informação.'' Eu, como sempre, fiz cara de deboche pra maioria delas. Lembro que a minha resposta foi curta, grossa, clara e objetiva: ''eu gosto é de criticar. Eu realmente acredito que se você procurar o ridículo em tudo, em tudo o encontrará.'' Dizer que eu critico não significa que eu sempre fale mal. Existe aquela cultura besta da crítica construtiva também. O nome disso pra mim é bem mais simples: elogio. Aliás, umas das definições de criticar é apreciar. Mas tudo bem, não vou começar a defender pontos de vista semânticos no segundo parágrafo, isso fica pra depois.


No início do curso o povo acha que pra ser jornalista basta gostar de escrever e que sua função profissional é a única e exclusiva transmissão de informação. Ledo engano. Pra começar essa tal informação é quase um remedinho vagabundo. A mesma composição pra alguns faz um bem danado, em outros causa efeitos contrários e principalmente: é vendida em qualquer esquina. Com o tempo a gente descobre que informação não é aquilo que é de interesse comum como nos ensinam e como deveria ser. Na verdade, ela é aquilo de interesse de quem te paga ou de quem paga quem te paga, seja isso pra beneficiar ou pra fuder alguém. Aliás, beneficiando um lado você automaticamente prejudica o outro.


Aí, por causa dessa cadeia de interesses e finanças, o cara que passou no mínimo 4 anos da vida dele estudando pra ter um diploma de comunicólogo, trabalha no cargo de fofoqueiro profissional. Puta que pariu. É o cúmulo do absurdo ver ex-bbb fazendo matérias por aí, mesmo que sejam as mais toscas, enquanto jornalistas de verdade recebem pautas na Caras sobre a estadia do cachorro da Vera Loyola no spa pra desestressar. É revoltante ver a galera editando receita de bolo na revista Ana Maria. É ridículo pensar que o cara deu um duro danado pra conseguir formar e aí vai correr atrás da Luana Piovani pra saber se o namoro dela com o Dado Dollabela tem volta depois do cara ter espancado uma camareira de mais de 60 anos de idade. Isso deveria estar na parte de polícia e não nas colunas de artistas.


Me dá nos nervos ver o espaço que aquele espírito obsessor em forma de jornalista tem na RedeTv!. É, eu estou falando dela mesmo. O capeta embalsamado, Sônia Abrão. Aquela mulher me faz sentir como se eu morasse na cidade mais interiorana do Brasil, onde todo mundo é obrigado a saber em detalhes da vida dos que os rodeiam; por que brigaram, por que estão juntos, por que casaram, quem engravidou, quem deu o golpe em quem, quem é viado, quem tá se afundando nas drogas. O que eu tenho a ver com a vida do Ronaldo Ésper pra saber dos motivos do cara pra roubar vasos em cemitério? Bom pra ele que não tem medo de escuro enquanto eu me borro e não durmo sem pelo menos 2 abajures acesos. Quem disse que eu quero saber do travesti horroroso que o Ronaldo Fenômeno pegou no Rio? Ele tá dando o que é dele. Tô falando do dinheiro, claro. Ah tô... O que essa mulher faz é criminoso. Ela ligou pra um sequestrador armado! O cara doidão com a ex-namorada trancafiada em um apartamento durante dias e a cretina ligando pra bater papo, se achando amiga de infância dele! Isso é um absurdo. Um dos casos mais recentes, convidar o ex da Suzana Vieira com a amante tilanga pra felicitar o casal pela união, despensa qualquer tipo de comentário. E como se não bastasse, por ironia do destino, o cara vai e morre poucos dias depois. Parece até combinado.


Falando nele, esse sujeito deu muito assunto pra esse povo infeliz que fica nas redações da Ti Ti Ti, Contigo e similares esperando uma nova tragédia, uma polêmica maior, um espetáculo mais ridículo que venda revista e vire assunto nos salões de beleza, nos ônibus, nos corredores das empresas. Li hoje uma matéria na Época sobre ele. Nunca vi nada mais óbvio. Um cara jovem, sem cultura, pobre e deslumbrado que teve a sorte de conhecer uma famosa rica e gostosa, praticamente uma gatosa (gata+idosa) e aí conseguiu subir na vida sem ser pelo elevador de serviços. Era aquele tipo de gente que sai da pobreza, mas a pobreza não sai dele. Ligava pras revistas de fofoca pra avisar onde estaria, a hora que chegaria e dar o nome da grife de suas roupas, pra colocar nos créditos. Era a fome juntando com a vontade de comer, era tudo que essa indústria de inutilidade e banalização do cotidiano, que já é corriqueiro o suficiente, precisava pra movimentar o tanto de dinheiro que rola nesse meio. O cara chegou a plantar a notícia de que a G Magazine estaria querendo fazer um ensaio com ele, com cachê em torno de 400 mil merréis.


Macaulay Culkin, quem se lembra dele? Ééé! Ele mesmo, aquele pentelho branquelo, de olhos azuis esbugalhados, uma testa do tamanho de um outdoor, com cabelo estilo ''vovó me penteou'', estrelinha das maiores trapalhadas do barulho que até Deus duvida da Sessão da Tarde. Desde que eu estava na 4° série nunca mais ouvi falar dessa criatura. Achava que ele só serviria pra ser dublê do Guilherme Fontes, o Alexandre da novela ''A Viagem''. Lembra daquele cara que morre e vai pro inferno arder no fogo do capeta? Ele mesmo. Mas eis que semana passada... uau! Li uma nota que mudou minha vida: ''irmã de Macaulay Culkin morre atropelada.'' E ela nunca tinha morrido antes, hein? Oh my God! Chamem os paramédicos! Não pra ela, pra mim que estou a beira de um ataque cardíaco depois dessa notícia TÃO relevante. Peraí, nem sabia que o Macaulay Culkin tinha uma irmã!


Ok. Vamos então a parte ''Você Sabia?'' Você sabia que a Ivete Sangalo vetou a talentosíííssssssima Wanessa Camargo de participar do seu programa Estação Globo? Pois é menina, barrou! E você sabia que a Giovanna Antonelli vai se mudar? Ééé! Ela comprou um apartamento na Barra e por isso vai deixar sua casa no Recreio. Ah, e parte dos seus oito empregados será demitida. E o Latino, já tá sabendo da última dele? A médica proibiu o cara de participar do Circo do Faustão. Essa pessoa iluminada fez esse imenso e impagável favor ao cantor (e a nós) por causa de uma crise de labirintite que ele teve durante um ensaio pra gravação do seu novo DVD. Tomara que seja um quadro irreversível e esse DVD não seja gravado nunca! Nunca! E você sabia que a filha do Gilberto Gil, a Afrodescendente Gil (porque Preta dá processo) voltou a ser associada a sobrepeso no Google?! Há nove meses, bastava digitar atriz gorda que apareciam informações da gorda, digo, da atriz. Aliás, deveria dar processo chamar essa gorda malandra de atriz. Imagina se uma atriz de verdade ouve isso, deprime na hora. Agora a coisa já ficou mais carinhosa. A palavra chave é gordinha. Mas ela continua ficando puta e diz que vai processar o Google. Normal, gorda só faz gordice. Acho que vou sugerir gordelícia, quem sabe ela não agrada, né?


Chega! É deprimente pensar que isso tudo é conteúdo da Folha. É! Da Folha de São Paulo, o jornal mais metido (e gozado) do Brasil. Depois o povo mete a língua no Super Notícias de BH, falando que só tem inutilidade naquele fenômeno de vendas! Mentira não é, confesso. Mas as críticas ao Super são mais frutos da inveja por ele ser o jornal de maior tiragem do país! Chupa essa manga, Folha! Enfim, se eu estivesse com vontade, poderia fazer uma imensa lista com os acontecimentos da vida privada dos artistas. Diga-se de passagem, privada e cheia de merda. Mas do mesmo jeito que me sinto mal pela Simone e pelo Fábio Jr. por só serem lembrados em certas ocasiões, vide post abaixo, me sinto péssima pelos jornalistas que têm que se submeter a esse tipo de trabalho tosco. E o pior de tudo é pensar que eu estou estudando pra, quem sabe, fazer isso um dia. Pé-de-pato bangalô três vezes! O Jornalismo é o quarto poder, não pode se afundar na lama assim. Olha que gracinha, temos o Legislativo, o Executivo, o Judiciário e o Fofoqueiro! Montesquieu se reviraria no túmulo se lesse uma coisa dessa. Responder que estudo Jornalismo quando me perguntam o que faço da vida dá um tesão que ninguém imagina. Dá uma sensação muito boa de utilidade, de capacidade, de poder, de manipulação, de my preciooooooooous! Mua ha ha! Advogado pensa que é Deus, médico tem certeza. Já jornalista é o capeta. E assume. E gosta. E eu que estou apenas indo pro 5° período já deixei isso subir a cabeça. =D

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